quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Cadê aquele tempo que estava aqui?

     Ao pararmos pra pensar no nosso dia a dia e na nossa rotina de vida, percebemos como vivemos em ciclos, comemorando o término dos períodos e aguardando ansiosamente o início do próximo tempo.

     Quando pequenos ainda, cada mês de vida é celebrado; ao completar o primeiro ano ficamos ansiosos pelo aniversário do ano seguinte; ao entrarmos na escola vivemos em bimestres ou trimestres, tempo marcado também pelas sempre esperadas férias de Julho e Dezembro; quando vestibulandos e graduandos o tempo é determinado de forma semestral, por vezes anual, cada um com a sua dificuldade; há também quem aguarde ansiosamente pelos finais de semana, se entristecem quando já é domingo, pensando que logo é segunda e outra semana se inicia; ou esperamos pela próxima estação, já que não gostamos do calor do verão ou do frio do inverno.

     O livro que começamos a ler hoje, já queremos saber o final; o trabalhador que acorda para ir ao trabalho, começa o dia pensando no momento em que poderá voltar para casa; o filme que ficamos tentando adivinhar o final ou quem é o assassino; a gestante que passa pelos nove meses louca para ver logo o rostinho do seu filhote e não curte o 'barrigão'; o aluno que estuda apenas para ter boas notas nas avaliações; a confeiteira que espera ansiosamente por ver o bolo pronto pelo vidro do forno e pode tirá-lo antecipadamente.

     Enfim, com essa pequena retrospectiva conseguiram perceber como o pensamento inicial faz bastante sentido? A partir disso penso aqui, o que fazemos desses ciclos? Como estamos vivendo eles? Estamos sempre ouvindo comentários, de como o tempo está passando rápido, enquanto piscamos já acabou o dia, a semana, o mês, o ano. Então, como podemos fazer diferente?

     No dia que comemoramos a virada para o novo ano, há quem jogue moedas no telhado, pule sete ondas, coma lentilha, guarde sementes de romã na carteira, não coma o que cisca para trás, roupas íntimas de cores correspondentes aos desejos do ano novo, tome alguns cuidados com arrumação da casa, dentre outras coisas e, cada um com a sua superstição torce por abundância e sucesso nas várias áreas da vida.

     Baseados nessas tradições, pensamos nos objetivos que queremos alcançar, mas quase nunca lembramos que devemos traçar maneiras de chegar lá e como queremos percorrer esses caminhos. 

   Muitas vezes não pensamos que quem vai fazer o trajeto somos nós mesmos, de preferência cuidando do nosso bem estar para que possamos aproveitar o processo, chegar ao final e celebrar a conquista.

     Antes de planejar o futuro é importante que reconheçamos o que já fizemos, por onde passamos e o que nos fez chegar aqui. Fazendo isso, ficamos frente a frente com as nossas habilidades, entramos em contato com as nossas limitações e com tudo isso em mãos podemos aceitar os desafios propostos. Quando olhamos com gratidão para o nosso crescimento, conquistas e tropeços, viveremos em paz com os erros e nossa força para buscar o novo.

     Afinal, com tantos planos e desejos para conquistar durante o ano, como aproveitar o caminho a ser percorrido? Que tal curtir cada estação do ano com as suas peculiaridades: fazer dos dias da semana tão incríveis quanto os finais de semana (ou pelo menos chegar perto disso): se deixar afetar e surpreender pela história daquele livro ou filme: curtir cada fase da gestação com todas as sensações e emoções do 'pacote': almoçar saboreando o alimento de forma prazerosa: tirar o momento do banho para que seja de relaxamento e prazer que a água nos proporciona: tirar aquela hora de espera no congestionamento para ler um livro, cantar a música que passa no rádio ou simplesmente meditar: aproveitar a espera pelo ônibus para conversar com alguém desconhecido: prestar atenção no nascer ou no pôr do Sol: estar em meio à natureza sempre que possível para renovar as energias e agradecer a oportunidade de poder viver tudo isso.

(Banco da Vida - Nelson Mota)

(Texto de 31/12/2014)

Juliana de Oliveira e Silva
Psicóloga
CRP 04 / 40353 


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