segunda-feira, 6 de junho de 2016

Pais (ouvintes) e filhos (surdos) - Quais são minhas expectativas? Como lido com a realidade?

   
     O que você quer ser quando crescer? Qual presente quer ganhar de aniversário? Dias das Crianças? E de Natal? Como são seus amig@s? Como você quer que o seu namorad@ seja? E o seu casamento? Quantos filhos você quer ter? Você quer menino ou menina? Como vai ser sua casa? Pra onde será sua viagem dos sonhos? Como você imagina que vai ser como mãe/pai?

      Essas são algumas das muitas perguntas que fazem parte da nossa vida desde muito pequenos, sempre imaginando o futuro, criando possibilidades, idealizando pessoas e situações. Somos seres sonhadores, planejadores, desejantes, e a partir de tudo isso criamos expectativas para (quase?) todas as coisas que podem nos acontecer no futuro próximo ou distante, caso não aconteçam pode ser que o nosso sentimento seja de frustração, insegurança, revolta, dentre outros.

     Nessa reflexão de hoje, o meu foco é pensar na idealização que fazemos dos nossos filhos. Imaginamos se serão meninos ou meninas, que vão torcer para meu time do coração, que vão se vestir do modo X, que vão ter a profissão Y, que vão aprender a ler com a idade tal, vão se comportar de maneira W, serão craques em esportes ou talentosas dançarinas, além das características físicas, cabelos, olhos, altura, peso, enfim, a nossa imaginação vai longe...

   
     Depois de 9 meses ou mais (idealizamos nossos filhos desde quando brincamos de bonecas) de planejamento, compras, torcida para que nossos desejos aconteçam de fato, eles nascem e então é hora de cair na realidade. Pode ser que el@ venha com o nariz que você não queria, durma menos e queira mamar mais do que imaginava... À medida que ele vai crescendo você vai percebendo que algumas coisas aconteceram diferente, te surpreenderam e você precisou rever aqueles planos anteriores.

     Como você acha que você um sujeito ouvinte, reagiria se descobrisse que seu filho é surdo? Como você se sentiria? O que pensaria? Como agiria a partir de então? Essa é uma das questões que não nos preparamos para lidar, então aparecem as dúvidas e inseguranças, será que essa criança vai desenvolver igual as outras? Como fazer com ela na escola? Como ensinar ela a ler, escrever? Conversar? Nas reuniões de família como vai ser? Meu filho vai ficar sozinho? Vai fazer amigos?... 

    Enfim, mil perguntas, o que é muito natural, pois se trata de uma situação que ainda é desconhecida pra você, mas saiba que o desenvolvimento dessa criança tem muitas possibilidades e para que aconteça da melhor forma possível, adequada e saudável, o acompanhamento e participação ativa dos pais/responsáveis é de extrema importância, a partir de orientações de profissionais de diversas áreas da saúde.

     Para você que já passou por essa experiência ou você que está passando neste momento, venha fazer parte do grupo 'Ouvindo com as mãos', com famílias ouvintes de crianças surdas. Um espaço para troca de experiências, acolhimento dos medos, inseguranças, para sanar dúvidas e conhecer novas possibilidades. Queremos cuidar dos cuidadores para que as nossas crianças tenham o estímulo e segurança para se desenvolver em todo seu potencial.


(Texto de 06/06/2016)

Juliana de Oliveira e Silva
Psicóloga CRP 04/40353