segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Acompanhamento Terapêutico, o que é isso? (1ª Parte)

     Quero falar um pouco sobre a prática que está descrita no meu perfil de atendimento, o Acompanhamento Terapêutico, ou AT. Para não ficar enorme o texto, vou dividir em duas partes, ok?
     Quando as pessoas me perguntam, "O que você faz?", conto que sou Psicóloga Clínica e Acompanhante Terapêutica, "mas o que é isso?".


     Então, os atendimentos acontecem fora do consultório, na casa do cliente, na vizinhança, nos locais que ele frequenta, praças, instituições, enfim, acompanho ele em algum período do seu dia, com alguma frequência na semana. "Ah, entendi, é um atendimento domiciliar...", "Não! É um atendimento ambulante, um modelo de clínica que vamos chamar de Clínica Ampliada".     

      Para você, o que é acompanhar? Quando acompanhar se torna terapêutico? Segundo o dicionário Michaelis, acompanhar é fazer companhia a alguma pessoa, estar junto, ir na mesma direção, conduzir, seguir com atenção.

     Esse é exatamente o lugar do AT, ilustrado muito bem por Kleber Barreto, no seu livro que usa a relação dos personagens Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança, em várias das suas aventuras. 
     A proposta do AT é estar com o sujeito no seu percurso pela vida, orientando em algumas situações, sendo apoio em outras, ou mesmo apenas estar lá, fisicamente e emocionalmente, pode ser uma intervenção importante.
     
     O AT teve início na Argentina, no final da década de 60 e ainda naquela época foi denominado "amigo qualificado", com os ideais da antipsiquiatria e antimanicomiais que vieram da Europa, o AT teve seu começo em Porto Alegre, Rio e São Paulo.

     A partir de então os pacientes psiquiátricos demandaram uma expansão do campo de atuação das abordagens terapêuticas a partir do fim do Regime Ditatorial no Brasil. Com isso, foi permitido que essa atuação também estivesse presente no espaço público e assim a prática do AT começa a tomar forma, se desfazendo aos poucos dos settings tradicionais, até então conhecidos nas intervenções terapêuticas. Como também deixando de ser restritos aos casos crônicos, e se abrindo para diversos transtornos e também àqueles que por algum motivo perderam a possibilidade de circulação e convivência natural nos espaços públicos urbanos.

     O AT tem a intenção de levar pra rua, ao convívio das pessoas, aquele sujeito que por algum motivo está sendo excluído da sociedade. Fazer das ruas novos modos de clínica, desfazer a padronização do pensamento e utilização dos espaços.

     O AT acontece no cotidiano, nos pequenos momentos do dia a dia, o setting é ambulante. 


(Texto de 26/09/2015)

Juliana de Oliveira e Silva
Psicóloga 04/40353

Nenhum comentário:

Postar um comentário